Say that again - Jinx e Caitlyn - Chapter 10 - iambacktsunade (2024)

Chapter Text

Momento Presente

— Não pensaram em me contar — Diana insistia, mostrando sua indignação por descobrir as coisas daquela forma, ainda com a mira da arma na cabeça de Jinx, como se estivesse prestes a dar um disparo letal.

— Garota, você tem f*cking oito anos — apesar da ameaça constante, a atiradora gesticulava, como se dissesse o óbvio.

— Qual é o problema? Então por isso eu não sou uma pessoa? Não sinto as coisas da mesma forma? Isso é... Injusto!

Pela primeira vez, Caitlyn focou no rosto tomado pela raiva da menina, exatamente igual a Jinx em todas as vezes que tiveram embates entre si e de imediato sentiu seu estômago apertar em uma náusea repentina ao refletir sobre a situação em que se encontrava. Uma das mãos da xerife agarraram o aço de forma inconsciente, apertando com toda a força que tinha.

“Eu sou a polícia!”

A fala da pequena voltou a sua mente com a imagem da réplica perfeita de sua arma que a garota segurava.

— Ela é minha filha, mas parece tanto com você, Jinx — as palavras saíram em um sussurro, enquanto a xerife lutava para se manter em pé em meio a sua crise de pânico — Você caiu em cima de mim e foi inevitável olhar pro seu rosto, tão calmo, quase inconsciente. A sombra preta em volta dos olhos indicando seu estilo adolescente e o fato de ter se arrumado pra um “encontro" diplomático comigo. Seus olhos brilhavam tanto, que mais pareciam um cristal mágico, ou qualquer coisa que não fosse desse mundo e eu pensei: Droga! O que eu tô fazendo? É só uma menina. Eu vou quase matar ela e depois a salvar assim, como se nada tivesse acontecido — agora com a testa apoiada sobre as barras de aço, Caitlyn fechou os olhos — Essa é a última lembrança que tenho e tentei com todas as minhas forças imaginar mil situações em que me apaixonei por você, mas isso não acontece. Eu não consigo! Não porque eu não quero, mas porque tenho certeza de que foi inimaginável e que acordei e perdi instantaneamente a melhor parte da minha vida!

— A melhor parte? Pensei que estar casada comigo fosse um pesadelo — os olhos de Jinx se estreitaram na direção da policial, demonstrando sua desconfiança com sua fala que soava totalmente falsa, embora a outra mulher estivesse em um momento frágil — Ok, ok... Criança! Vamos para o quarto! Os adultos têm assuntos muito importantes pra tratar — sem demora, empurrou Diana com certa habilidade para fazer com que a garota fosse na direção das escadas sem machucá-la, mesmo que estivesse contrariada com o que sua mãe dizia — Fica com a Tai e depois a gente brinca de novo!

— Isso também não é justo — respondeu a mais nova, depois de subir metade dos degraus.

— É, eu também não acho que seja justo, é muito mais legal torturar a Caitlyn, mas talvez você se case e faça isso daqui a alguns anos! Agora vai!

A morena juntou as sobrancelhas inconscientemente enquanto acompanhava o diálogo tão incomum, mas sendo levado de forma natural e sentiu certa estranheza com a cena.

— Então é isso que acontece quando uma criança tem acesso a uma inteligência artificial com todo o tipo de informação? Eu sabia que era uma ideia ruim — a xerife suspirou com a conclusão de seus pensamentos, os quais apenas sussurrou, mas a atiradora estivera perto o suficiente para ouvir.

— É, eu concordo! Isso é complicado! Por isso decidimos que Tai não poderia mais ter um corpo. Ela já estava perguntando coisas demais.

— Não tem restrições?

— Tem, mas... Não com programação e a pestinha fodeu com o sistema todo, até... — Jinx sacudiu a cabeça em negação em meio a um suspiro — Bom, deixa pra lá. Vamos voltar pra parte que eu falava sobre torturar você!

Nada foi dito em resposta, em vez disso, os olhos azuis a encararam em conjunto com a expressão dominada pelo tédio.

— Grrrr, chata — foi a vez da mais nova revirar os olhos com uma das mãos na cintura — Credo, eu gostei mais na primeira vez que te sequestrei e você realmente sentiu medo, ou das outras vezes que respondia com uma cara de safada pelo menos.

Nove anos antes

Uma velha casa longe da zona urbana da cidade foi o suficiente para que Jinx e Caitlyn pudessem fugir dos olhares curiosos enquanto planejavam seu último trabalho juntas. Os donos da cabana de madeira em uma pequena fazenda já tinham desistido de alugar a propriedade quando a xerife anunciou que ficaria por lá durante um mês para testar suas novas armas sem colocar ninguém em perigo.

Tudo era perfeito para o que precisavam, o anonimato, o barulho que não seria ouvido há muitos quilômetros e a oportunidade perfeita que Caitlyn tivera para fugir dos telefonemas do trabalho, onde aparecia cada vez menos, apenas para coisas importantes que exigiam sua presença.

O chá de frutas com canela ajudou a mais velha a se sentir confortável enquanto esperava pela conclusão das tarefas de Jinx, que no tapete da sala, tentava desmontar e montar alguma coisa com mais dificuldade do que o normal pelas mangas enormes da blusa preta que cobria parte de suas mãos.

— Eu posso sentir você me olhar, como se os meus olhos estivessem em cima da testa — reclamou a jovem, sem tirar a atenção do objeto que segurava.

— E você quer que eu encare as teias de aranha, ou essa poeira irritante que gruda na madeira?

— Se te incomoda tanto, você pode ir limpar. Que tal — finalmente os olhos violeta se voltaram para a mulher com sua xícara fumegante e os pés acomodados no sofá.

— Mas eu limpei. Bom, eu tentei. Parece que sempre surge mais poeira!

— Você — questionou a atiradora, um pouco incrédula.

— Sim.

— Você limpou a casa? Você?

— Qual é o problema com isso?

Jinx encarou Caitlyn de cima a baixo, correndo o olhar por todo o corpo da xerife sem nenhuma pressa.

— Você deve pagar pessoas pra limpar suas botas!

— Ahhhh, por favor! Não é como se eu não limpasse as minhas coisas — vendo a garota cruzar os braços sem acreditar, Caitlyn desviou o olhar e deu mais um gole em sua bebida quente — Bem, às vezes. Eu não tenho muito tempo quando estou trabalhando.

— Eu não me importo com as aranhas, mas ver você tentando limpar alguma coisa e fracassando deve ser uma das coisas mais engraçadas que veria na vida!

— Você fala como se fosse uma tarefa muito difícil, menos!

— Ah é — perguntou a mais nova, fingindo desinteresse, enquanto voltava a mexer em suas peças metálicas com a franja cobrindo quase todo o rosto — Se é tão fácil, pode ir!

Se sentindo desafiada, Caitlyn levantou e tentou por várias vezes tirar a poeira da madeira com um pano úmido, mas assim que a estrutura secava pelo calor da lareira, a sujeira parecia brotar novamente, como se nunca tivesse saído dali. Jinx observou a cena, segurando o riso algumas vezes, mas nada disse e nem se moveu de onde estava, apenas apreciando o fato da policial ter desistido de sua tentativa, inconformada.

— Acho que terminei — a voz da garota soou animada, mas Caitlyn não saiu de seu sono tranquilo — Olha só, ativando esse mecanismo aqui ele vai até o sistema de segurança e dispara descargas elétricas que vão informar que a rede tá comprometida, o alarme dispara pra isolar o prédio, e nós... — a fala da jovem desapareceu apenas quando olhou na direção da caçadora e viu que ela estava dormindo — Droga, você não tá nem roncando dessa vez.

Parecia atraente a ideia de ter Caitlyn desacordada tão perto, mas o chapéu que nunca podia tocar pareceu muito mais atraente, de repente. Jinx o pegou junto com o rifle que estava apoiado no braço do sofá e colocou na própria cabeça, se divertindo com a imagem que via em um pequeno espelho gasto que tinha na parede, apesar de o chapéu ter ficado um pouco grande, ainda era uma boa referência em sua tentativa de se “fantasiar" tal como a xerife.

— Vamos ver se essa coisa faz atirar melhor — disse para si mesma se referindo ao chapéu que colocou, enquanto mirava com a lente em algum lugar pela janela.

O corpo de Jinx deu um salto involuntário no lugar quando a risada alta da policial inundou a sala.

— Você acha mesmo que é por causa do chapéu?

Em resposta, Caitlyn recebeu uma expressão raivosa da garota, que além de ser descoberta, tinha levado o maior susto e não estava nada contente.

— Olha, eu acho que depois que a gente — Jinx teve sua fala interrompida pela mais velha, que àquela altura já havia se sentado e encarava o tapete bagunçado.

— A gente não vai mais se ver depois de explodir o prédio de comunicação porque quando eu a ver de novo, você vai acabar em uma cela na prisão por muito tempo — disse em tom firme, enquanto a garota apontava seu próprio rifle para o seu rosto, ajustando as lentes da mira focando nos lábios de Caitlyn mesmo sem ter intenção — É o meu trabalho e eu não vou hesitar em capturar você!

— Claro, claro! Me capturar — Jinx tinha um dos olhos fechados enquanto o outro observava pelo pequeno pedaço de vidro.

“Atira logo na cabeça, ou beija ela de uma vez, não fica aí que nem uma idiota repetindo as coisas que ouve, como um maldito papagaio!”

O segundo pensamento que ocorreu em sua mente deixou a mais nova irritada pela parte dela mesma que não podia controlar. A arma disparou bem acima da cabeça de Kiramman, que sequer se mexeu, nem pela bala que passou alguns centímetros de si, nem pelo barulho do tiro que já estava tão acostumada a disparar ela própria.

— Arrrrgh, você é a única aberração estúpida em todo o mundo que não tem medo de mim! Isso é... — Jinx jogou o chapéu e a arma aos pés da xerife só pra que ela tivesse que se abaixar para pegá-los, como se aquele fosse o único castigo que pudesse dar à mulher naquele momento e saiu com passos pesados pelo assoalho de madeira — Isso é... Injusto!

Na pequena casa na árvore, mas bem iluminada, a jovem mirava no teto com a mão em forma de arma, deitada no chão, se divertindo com as diferentes maneiras que sua mente criativa inventava para tirar a vida de Caitlyn. Luzes de várias cores enfeitavam seus pensamentos, enquanto seu corpo parecia entorpecido, fazendo todo o lugar se mover em círculos. As risadas escapavam do fundo de sua garganta, como se visse algo real, mas tudo cessou repentinamente quando sua diversão foi trocada pela imagem do corpo nu da xerife.

— Ora, não é tudo isso não — falou baixo, como se alguém a estivesse ouvindo — Na verdade ela é um pouquinho gostosa, mas eu nem gosto de mulheres. Os garotos são mais... mais... Pelo menos eles me elogiam o tempo todo!

Na primeira vez em que viu Kiramman despida não sentiu nada de novo, nada além da adrenalina de torturá-la físico e psicologicamente, como estava fazendo, mas na segunda vez, enquanto se beijavam, tinha sido diferente de tudo o que já sentiu e isso a incomodou profundamente.

— O que foi — questionou para a imagem de Vi agora projetada a sua frente — Se você pode, eu também posso! Não tem NADA que você faça que eu também não possa fazer, mãozuda!

Era mais fácil para Jinx pensar daquela maneira, encarar os seus impulsos com Caitlyn como uma forma de irritar Vi e acentuar a rivalidade que tinham. A garota de cabelos cor de rosa tinha sido seu exemplo por toda a vida, fazendo com que desde muito nova, Powder tivesse o desejo de alcançá-la em tudo o que fazia, mas esse exemplo se tornou uma ferida dolorosa com o tempo.

— É claro que eu posso foder com a xerife, se você conseguiu isso, eu posso fazer até melhor — repetiu baixinho.

Embora não tenha feito mais do que beijar a morena em um momento aleatório e estranho, tinham passado quase um mês praticamente morando juntas para projetar a última jogada que fariam. Caitlyn ficava bastante ausente no começo, mas cada vez mais preferindo ficar na cabana.

Jinx estava se apaixonando, mas isso era algo inexistente para ela, algo que lhe parecia tolo, dito apenas por pessoas comuns e ela não era comum. Ainda assim, sabia dentro de si que o beijo com Caitlyn foi o primeiro em que sentiu tesão de verdade, além da excitação física, como nas outras vezes em que interagiu dessa forma com outros garotos em Zaun na intenção de alimentar ainda mais o seu ego.

A jovem chegou a pensar que seu pesadelo acabaria, se acabasse com aquele rosto bonito que invadia sua mente, tirando a vida da policial, mas no fundo ela sabia que lembranças não eram apagadas dessa forma.

Do lado de dentro da cabana, Caitlyn mexia em um objeto metálico que lembrava bastante um anel. O pequeno adorno parecia uma cápsula, que quando aberta, revelava um diamante em forma de crânio, algo que imaginou que Jinx jamais usaria, apesar de ter sido projetado especialmente pra ela. O brilhante escondia uma minúscula esfera de energia Hextec azul e reluzente, que serviria como fonte para ligar qualquer aparelho estando em apuros, além de a peça ser extremamente cara e fácil de ser barganhada por um preço alto.

Por que ela tinha feito aquilo? Se perguntava o tempo todo. Embora fosse um anel, não era como um pedido de casamento, ou algo do tipo, mas sim um objeto que poderia salvar a garota, se necessário e isso era mais inexplicável ainda. Não tinha presenteado nem mesmo Vi com algo assim e não era como se uma das duas precisasse.

Kiramman guardou de volta o objeto em seu traje, nunca o entregaria, jamais revelaria sua falta de controle momentânea em projetar aquilo. Queria apenas mexer nas ferramentas de seus pais já falecidos, ter a lembrança deles ainda mais viva, ao sentar na mesa de trabalho e manusear tudo o que usavam para criaçao de aparelhos de tecnologia Hectec enquanto vivos. Sua mente, perigosamente a levou para outros caminhos.

Say that again - Jinx e Caitlyn - Chapter 10 - iambacktsunade (2024)
Top Articles
Latest Posts
Article information

Author: Moshe Kshlerin

Last Updated:

Views: 5764

Rating: 4.7 / 5 (77 voted)

Reviews: 84% of readers found this page helpful

Author information

Name: Moshe Kshlerin

Birthday: 1994-01-25

Address: Suite 609 315 Lupita Unions, Ronnieburgh, MI 62697

Phone: +2424755286529

Job: District Education Designer

Hobby: Yoga, Gunsmithing, Singing, 3D printing, Nordic skating, Soapmaking, Juggling

Introduction: My name is Moshe Kshlerin, I am a gleaming, attractive, outstanding, pleasant, delightful, outstanding, famous person who loves writing and wants to share my knowledge and understanding with you.