Say that again - Jinx e Caitlyn - Chapter 12 - iambacktsunade (2024)

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Nove anos antes

A cidade brilhava com o fogo das explosões que haviam acontecido durante o ataque. Ambas estavam ofegantes, suas armas abaixadas, e os olhares se encontraram em meio à fumaça e poeira.

Caitlyn estava ferida, sua roupa, que antes era impecável e limpa, estava agora arranhada e suja. Jinx estava desgrenhada, com manchas de fuligem em seu rosto. Seus olhores se prenderam um no outro e, por um momento, todo o ódio que havia os envolvido se desvaneceu. O que restou foi apenas uma conexão intensa e imprevisível.

A jovem, surpreendendo a todos, deu um passo vacilante na direção de Caitlyn. Seus olhos violetas, uma vez cheios de raiva, agora mostravam uma vulnerabilidade que a caçadora nunca imaginou ver e mesmo que relutante, deixou sua guarda baixar um pouco.

— Por que, Jinx — Caitlyn perguntou com sua voz suave — Por que você fez isso? Por que escolheu esse lado? Por que destruir tudo?

A zaunita engoliu em seco e abaixou a cabeça por um momento, como se estivesse lutando com suas próprias emoções. Finalmente, ela olhou de volta para a xerife, também a chamando pelo nome.

— Eu não sei, Caitlyn. Eu não sei por que faço isso, não sei por que estamos em lados opostos, mas não é algo que quero mudar — o sorriso maníaco voltou a surgir em seu rosto ao encarar o prédio ainda em chamas e toda a paisagem destruída por suas armas.

Caitlyn deu um passo à frente, estendendo uma mão hesitante para tocar o rosto da menina. Ela acariciou suavemente uma mecha de cabelo azul que caía sobre o olho da garota e depois levantou seu queixo, fazendo com que seus olhares se encontrassem novamente.

A atração que elas tentavam negar estava se tornando irresistível, mas não era apenas isso, não mais. Sem pensar, Kiramman inclinou a cabeça e, com um movimento hesitante, se aproximou de Jinx. Seus lábios se tocaram suavemente, como se fosse um sonho, um momento em que as barreiras entre inimigas se dissolveram.

O beijo foi lento, carregado de emoção e desejo reprimido. As mãos de Caitlyn encontraram o rosto de Jinx, mas logo desceram por seu corpo, a apertando forte e puxando para si com urgência, enquanto a menir envolveu seus braços ao redor da cintura da xerife, também a puxando para mais perto. Foi um beijo que desafiou todas as expectativas, uma conexão improvável para ambas e pela primeira vez, não tinha surgido pela raiva que as movia em atos impulsivos. Dessa vez, suas línguas deslizavam molhadas uma pela outra sem nenhuma pressa, como se provassem lentamente alguma nova bebida doce como veneno, mas altamente viciante, letal, irresistível.

— Você podia ter me deixado morrer — sussurrou a policial com seus lábios trêmulos ainda roçando pelos da garota.

— Eu sei, seria o fim de todos os meus problemas, os antigos e os novos — confessou Jinx, parecendo refletir profundamente enquanto falava, encarando um ponto vazio à sua frente — Mas não quis.

— Você sabe que estamos destinadas a nos enfrentar, não é — novamente a voz de Caitlyn soava séria.

— Ah, é claro que eu sei! É isso que torna tudo tão emocionante, não é, chapeleira?

Kiramman suspirou, balançando a cabeça, mas algo no olhar de Jinx a intrigava. Ela não conseguia evitar sentir uma atração magnética por aquela garota imprevisível, por trás de toda a loucura e isso a assustava, mas também a enchia de uma excitação inexplicável pela vida, que antes parecia apenas um roteiro a ser seguido, um amontoado de regras.

Jinx se aproximou de Caitlyn outra vez, a observando com um brilho de diversão nos olhos e com isso, a tirando de seus pensamentos profundos.

— Você é tão séria, Cait. Às vezes, acho que você precisa relaxar um pouco.

— Ah, é — a pergunta veio com um tom mais sério e uma sobrancelha arqueada da mais velha, afirmando o que a garota acabara de dizer.

— Eu tenho algumas ideias de como podemos nos divertir juntas — a atiradora soava quase infantil, mas seu olhar perverso dizia o contrário, assim como todas as suas ações — Você quer que eu te conte?

Do outro lado, as falhas no sistema da androide a fazia ligar sem nenhum comando, repetindo a mesma fala inicial.

— Olá, meu nome é Tai, série RTN-089561. Estou aqui para ajudá-las no que for necessário. Sou treinada como uma androide de segurança de alta tecnologia com um vasto ba...

— CHEGA! NÃO PRECISA DIZER ISSO TODA VEZ QUE INICIAR! Tai, de agora em diante quero que fale como se fosse uma pessoa! Arrrgh... Negócio chato!

Caitlyn ria do breve descontrole da jovem, mas admirava tanto talento com a tecnologia e mesmo sem ter passado por uma universidade renomada, ou estudado robótica, Jinx era genial em muitas coisas que a xerife cada vez mais adorava descobrir.

— Certo. Jinx, em que posso ajudar você agora?

Momento Presente

Caitlyn tinha o objeto entre os dedos e tentava lembrar de algo, como se seu próprio corpo pudesse sentir a importância daquele anel. Não poderia ter sido apenas um pedido de casamento, não com Jinx, não da forma que ela a conhecia, por mais que não lembrasse de muita coisa.

— Jinx — chamou com uma voz suave de dentro da cela, esperando que sua captora aparecesse.

— O que é?

— Sei que você disse que não iria me contar nada porque gostaria que eu tivesse minhas lembranças, assim como você as tem, mas... — os olhos da xerife pousaram novamente no objeto e isso provocou outro arrepio — Eu não sei, tenho uma sensação estranha com isso. Pode ao menos me dizer o que é?

A jovem tinha as mãos na cintura e uma expressão de poucos amigos, visivelmente irritada e séria, mas com as perguntas de Caitlyn, ficou pensativa e engoliu a seco. Sabia que não conseguiria negar aquele pedido por muito tempo.

— É um anel que você fez, ou sei lá... E me deu. Tem tecnologia hextec e antes era revestido com metal. Você pensou que não eu não fosse gostar de usar uma jóia com uma pedra de diamante, ou talvez tenha pensado que não sou bonita o suficiente pra usar uma coisa tão chique — completou fingindo desdém.

Imaginando que teria mais respostas, a voz da policial se tornou mais desanimada do que antes.

— Você é bonita. Eu posso não gostar de você, na verdade odiar você, mas isso não muda o fato de que é bonita usando qualquer coisa — disse com sinceridade, mas buscando também amansar a garota para conseguir mais informações do que tinha, como se seus dons investigativos falassem mais alto em suas ações.

— Hmmmm... Sei! Bem, eu usei o diamante por muito tempo, usei até agora. Usei até quando tava presa naquela merda de lugar e poderia ter escapado com essa esfera de energia que tem dentro. Ah, é... Você não sabe!

Dessa vez foi Caitlyn quem engoliu em seco, sentindo como se algo pesasse em sua garganta e precisou fechar os olhos para que aquela horrível sensação se dissipasse.

— Me conte sobre o anel, por favor.

— A gente tava... Explodindo o prédio de comunicação de Piltover porque Adam tinha contratado pessoas pra te procurar, detetives particulares, vários deles e depois disso as fotos foram vendidas e publicadas.

— Eu lembro dessa parte.

— Deu errado porque eles cediam parte do prédio pra uma turma de robótica, alunos da universidade que faziam experimentos, um deles era a Tai, que você conhece como a robô mais chata e intrometida de toda a história do planeta!

— Jinx, o anel — a voz mais grave que o habitual fez a atiradora voltar a se concentrar.

— Sim, eu já vou chegar lá. O chão desabou e nós estávamos nesse maldito prédio interminável pegando fogo e explodindo sem parar. Você se pendurou de ponta cabeça pra me entregar o anel, eu tive a impressão de que ia dizer algo importante porque nós íamos dali direto pro além, mas então você me pediu em casamento.

As palavras foram ditas sem pausa na história que Jinx narrava, mas a xerife ainda tentava absorver o que escutava, sem parecer entender muito, ou acreditar, então ela continuou.

— Eu estava presa e você praticamente desabando mais de dez andares abaixo, mas se pendurou em uma barra de ferro da estrutura do prédio e sei lá como diabos conseguiu se prender pelo pé. Acho que você devia tentar ir pro circo, sério! Pode ter talento pra trapezista, ou qualquer coisa assim.

— O que você respondeu?

— Nada, eu... Eu estava em choque! Acho que fiquei paralisada, em dúvida se era real, ou só alucinação. Quem em perfeita consciência iria querer casar comigo? Eu podia ser meio maluca, mas perfeitamente ciente da minha situação! Claro que já imaginei casar com algum bandido, alguém que eu poderia facilmente manipular, alguém com o mesmo gosto por explodir coisas!

— Acho que entendo.

— Você era diferente, era só um delírio, parte dos meus sonhos molhados de adolescente, onde eu podia te matar inúmeras vezes sem culpa e transar com o seu corpinho sexy, ou qualquer coisa assim.

— O quê???

— Nada... Eu só era um pouco mais perturbada do que hoje. Mas não se engane, ainda posso acabar com você!

— Eu magino que você tenha me resgatado depois disso, ou tenha salvo nós duas. Pelo que me lembro, tem um dom pra fugas extraordinário.

Finalmente Jinx sorriu, estando entregue ao diálogo.

— E foi! Nós saímos com a cidade em ruínas, o céu noturno enfeitado com explosões pintado com o caos, mas você só conseguia olhar pra mim. Eu queria correr de você, assim como quero correr de mim mesma na maioria das vezes — o rosto da jovem parecia se contorcer com as lembranças de um passado não tão bom em sua mente, prendendo Caitlyn àquela conversa mais do que teria esperado — Eu via um amontoado de desastres, confusão, tédio e loucura, mas você viu uma pessoa debaixo de tudo isso, onde nem eu mesma conseguia ver. Inexplicavelmente, você foi a única a me fazer estudar, entender mais sobre mim mesma e até a apreciar todos os meus defeitos. Você segurou minha mão e pulou comigo em um precipício enorme, mergulhando direto na insanidade e você costumava AMAR isso! Foram palavras suas!

A mão de Jinx bateu no botão que fez com que as barras de aço sumissem novamente na estrutura metálica em uma postura de derrota e cansaço, como se tivesse desistido de algo que antes parecia deixá-la muito animada, que era manter a mulher ali como sua prisioneira.

Caitlyn, mesmo estando livre, não se moveu de onde estava. Não se via perdendo o controle, não se via fazendo tudo o que era descrito, ou o que as evidências de sua nova vida indicavam, mas algo dentro dela desejava fazer cada uma dessas coisas de novo, ainda que não pudesse recuperar suas memórias, algo em seu interior ansiava por viver daquele jeito tão repulsivo e reprovável por sua antiga e tão presente personalidade.

Os olhos azuis estavam vidrados no rosto de Jinx, que já tinha total desinteresse em sua presença e fazia menção de deixar o laboratório subterrâneo. Foi assim, sem desviar o olhar nem por um segundo, que a xerife levantou e segurou o braço da menina, a impedindo de se afastar, colocando seu corpo contra a parede e tomando sua boca em um beijo voraz.

Não era Caitlyn Kiramman quem se movia, mas sim aquela vontade avassaladora e inexplicável dentro dela, ao avançar na boca de sua maior inimiga com a ilusão que contava para si mesma de que aquela não era mais a mesma criminosa que conhecera em outros tempos, mas ainda queria que fosse. Queria que aquela em seus braços fosse a mesma garota de dezenove anos que a provocava com uma voz estridente e dizia coisas obscenas só para tirá-la do sério.

Ao invés disso, os olhos arroxeados haviam ganhado um ar de seriedade, fazendo com que Jinx tivesse se tornado uma mulher, ainda que mantendo características bem singulares e Caitlyn detestava não saber o que havia acontecido entre essas duas versões da atiradora e dela própria.

A xerife se afastou subitamente, ofegante e desgrenhada, deixando a jovem atordoada contra a parede, demorando um pouco mais para se recuperar de seu estado físico.

— Desculpe, eu não posso. Não enquanto não lembrar de nada, não sem saber quem eu mesma sou direito. Não desse jeito! Nós não podemos — as palavras que a morena repetia saíam de sua boca sem pausa e sem conseguir mais encarar o olhar de Jinx, ela deixou a sala, ainda repetindo baixinho — Não consigo...

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